SP-Arte Rotas 2025 ocorre entre 27 e 31 de agosto com a presença de 65 projetos curados
Heitor dos Prazeres, “Sem título”, década de 1960. © Sergio Guerini / cortesia Almeida & Dale
A feira reúne galerias de 12 estados brasileiros e expande seu alcance para receber expositores da Argentina e da Amazônia Peruana
Após três edições bem-sucedidas como Rotas Brasileiras, a feira evolui e passa a se chamar SP-Arte Rotas. A mudança reflete um movimento já presente: ampliar o olhar para além do território nacional, sem perder de vista os vínculos com a produção artística brasileira. A próxima edição acontece de 27 a 31 de agosto, na Arca, em São Paulo, reunindo 65 expositores — entre galerias, museus e projetos especiais — de 12 estados do país, além de representantes internacionais da Argentina e da Amazônia Peruana.
Orbitam esta edição temas como erotismo, território e ambientalismo em suportes variados, entre pinturas, esculturas, cerâmicas e obras têxteis. A feira amplia seu escopo curatorial e consolida sua vocação como um espaço de descoberta, conexões e circulação da arte brasileira e latino-americana.
Entre os nomes confirmados estão galerias de trajetória consolidada como Luisa Strina, Almeida & Dale, Gomide&Co, Mendes Wood DM, Vermelho, Luciana Brito, Flexa, Galatea, Mitre e Martins&Montero, ao lado de estreantes na feira como MT Projetos de Arte, MaPa Foto, Isla Flotante (Argentina) e Xapiri Ground (Peru).
A feira também antecipa o clima da 36ª Bienal de São Paulo, que inicia na semana seguinte. Diversos artistas presentes na Bienal também terão obras em Rotas: Gê Viana, Gervane de Paula, Heitor dos Prazeres, Lidia Lisbôa, Maxwell Alexandre, Rebeca Carapiá, Maria Auxiliadora, Manauara Clandestina, Marlene Almeida, Nádia Taquary e Moisés Patrício.
“SP-Arte Rotas é um convite para explorarmos novos caminhos. Um espaço para conhecer produções fora do eixo Rio-SP, reencontrar nomes consolidados sob novas perspectivas e acompanhar movimentos em formação”, afirma Fernanda Feitosa, idealizadora e diretora da SP-Arte.
Uma das novidades desta edição é o Transe, projeto de Lucas Albuquerque que reúne cinco jovens artistas, nacionais e internacionais. A curadoria investiga o não-figurativo: práticas que problematizam a figuração ao mesmo tempo em que recusam os cânones da abstração moderna. Confira aqui os participantes.
Grandes formatos e curadoria de peso: setor Mirante
Pelo segundo ano consecutivo, Rodrigo Moura, curador do Malba (Buenos Aires), assina a direção artística de Rotas. Ele também é o responsável pelo setor Mirante, que reúne artistas de gerações e pesquisas distintas entre si: pinturas, esculturas e instalações, principalmente em grande escala. O Mirante se coloca no centro da feira como um disparador de rotas e reflexões, provocando diálogos em torno das várias identidades brasileiras. Confira os artistas participantes.
Acesse aqui a lista completa de participantes.
Projetos: entre tradição, memória e experimentação
Na Almeida & Dale, destacam-se nomes como Heitor dos Prazeres, Lidia Lisbôa, Maxwell Alexandre e Rebeca Carapiá ao lado de artistas consagrados como Tunga, Paulo Pasta, Jaider Esbell e Hélio Melo.
Na Xapiri Ground, do Peru, obras de Gerardo Petsaín Sharup, de descendência indígena Wampís, que cria a partir dos mitos de seu povo. Na Isla Flotante, um diálogo entre Mira Schendel e Rosario Zorraquín.
A Gomide&Co propõe uma aproximação artística entre mãe e filha: Teresinha e Valeska Soares, cujas práticas, ainda que muito diversas, tensionam aspectos da falta, do desejo e da memória.
De Salvador, a galeria Paulo Darzé aproxima os universos das artistas Nádia Taquary e Goya Lopes destacando diferentes abordagens do legado afro-brasileiro.
A galeria Luisa Strina apresenta uma individual de Marepe, artista que transforma objetos cotidianos em artefatos carregados de memória e crítica social.
A galeria Galatea exibe um solo do artista Tito Terapia, cuja trajetória teve início nas ruas da Zona Leste de São Paulo por meio do pixo e hoje explora a pintura ao ar livre com tintas que ele próprio desenvolve.
Com obras de Adriana Varejão, Alvim Corrêa, Tomie Ohtake, Leonilson e Tunga, a galeria carioca Flexa reúne obras sob a ótica do erotismo.
De Recife, a Marco Zero apresenta um projeto curatorial de Cristiano Raimondi que faz aproximações técnicas e estéticas entre artistas como Marlene Almeida e Vinicius Barajas e Rayana Rayo e Cícero Dias.
A MaPa exibe obras de Delba Marcolini, Agi Straus e Sepp Baendereck. Já na MaPa Foto, o foco são fotografias modernistas com viés erótico de nomes como Alair Gomes, Otto Stupakoff, Helmut Newton e Alicia Rossi.
A Karandash, galeria de arte popular fundada por Dalton Costa e Maria Amélia Vieira, apresenta um recorte da Coleção Karandash, com obras de Amilton, Dalton Costa, Jasson, Maria Amélia Vieira, Roxinha Lisboa e Valmir.
Com curadoria de Divino Sobral, a goiana Cerrado exibe artistas do Distrito Federal, Goiás e Mato Grosso: Lucélia Maciel, Gervane de Paula, Paulo Pires, Genor Sales, Tor Teixeira, Abraão Veloso, Alice Lara e Matias Mesquita.
O projeto da galeria Mitre, de Minas Gerais, toma como ponto de partida a amizade entre Abdias do Nascimento e Sebastião Januário para refletir sobre a colaboração. A galeria destaca trabalhos conjuntos de Rafael RG e Marcos Siqueira, e Carlos Zilio e Gustavo Speridião.
Na galeria Marcelo Guarnieri, um solo da artista Helena Carvalhosa, que segue em plena produção aos 80 anos, com pinturas, objetos e cerâmicas que revelam sua relação íntima com a poesia.
Na Vermelho, as séries “A Sônia” e “O voo do watupari”, de Claudia Andujar, e obras de Carmela Gross. Na Cave, de Fortaleza, a curadoria é de Lucas Lacerda e leva à feira obras de: Charles Lessa, Jane Batista e Navegante, mulher indígena tremembé. Na Lima, artistas como Thiago Martins de Melo foram convidados a explorar fazeres manuais, como bordado e tapeçaria.
Entre os projetos especiais, está Jalapoeira Apurada, que reúne mulheres quilombolas do Jalapão para produzir luminárias escultóricas em capim dourado. Já Novos Para Nós apresenta o projeto “O popular é pop”, com obras de artistas como Ranchinho, J. Borges e Gilvan Samico.
Palco SP-Arte
A programação de conversas vai de quinta, dia 28 de agosto, a sábado, dia 30, e contempla papos descontraídos entre artistas e curadores. As mesas não serão transmitidas ou gravadas, então a oportunidade de vê-las é ao vivo.
Dia 28 de agosto, quinta-feira
15h | Rebeca Carapiá conversa com Deri Andrade
16h | Para além da visão
Vivian Caccuri e Karola Braga; mediação de Felipe Molitor
17h | O reencontro com Otto Stupakoff
Bob Wolfenson e Rubens Fernandes
18h | Como nasce um museu: a chegada do Museu Vassouras
Catarina Duncan e Laura Rago
Dia 29 de agosto, sexta-feira
15h | Latin American Art in a Global Context
Vivian Crockett, Eugenio Viola, Larry Ossei-Mensah e Margot Norton
(em inglês)
16h | Arte brasileira e internacionalização: a perspectiva do artista
Tiago Mestre e Edu Silva; mediação de Brunno Silva
17h | Manauara Clandestina conversa com Deri Andrade
Dia 30 de agosto, sábado
14h30 | Do alto do Mirante
Rodrigo Moura conversa com Paloma Bosquê, Patricia Leite e Ana Prata
16h | Arte popular: como colecionar
Edmar Pinto Costa e Alexandre Martins Fontes; mediação de Amanda Tavares
17h | Transe: found in translation
Lucas Albuquerque, Caio Carpinelli, Emilia Estrada, Fernão Cruz, Marina Woisky e Marlan Cotrim
Convidados internacionais
A SP-Arte tem se dedicado, ano após ano, a fortalecer sua programação VIP e a construir pontes entre o Brasil e o mundo. Nesta edição de SP-Arte Rotas, a feira mais do que duplicou o número de convidados internacionais em relação ao ano passado, entre curadores, diretores de instituições, pesquisadores, colecionadores e outros profissionais que atuam em diferentes pontos do circuito da arte contemporânea.
Entre esses nomes, estão Lucas Morin, curador do Jameel Arts Centre, em Dubai; Vivian Crockett, curadora do New Museum, em Nova Iorque; Larry Ossei-Mensah, curador, crítico e cofundador da Artnoir, ONG dedicada a ampliar vozes de artistas, curadores e comunidades negras nas artes; Jennifer Inacio, curadora-associada no Pérez Art Museum Miami e Katherine Brodbeck, curadora de arte contemporânea no Dallas Museum of Art. Pelo segundo ano consecutivo, também vem para a feira o colecionador David Teplitzky e Will Palley, apresentador do podcast “Art From the Outside”.
SP-Arte Rotas 2025
27–31 agosto
ARCA - av. Manuel Bandeira, 360 - Vila Leopoldina
São Paulo - SP
CEP 05317-020
Horários
27 de agosto: convidados
28 de agosto: 13h às 20h
29 e 30 de agosto: 12h às 20h
31 de agosto: 12h às 19h
Ingressos estão à venda no site e no app SP–Arte. Gratuito, o aplicativo está disponível nas versões iOS e Android e dá acesso a todo conteúdo da feira, além da agenda cultural em São Paulo durante o evento.
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