O risco de Hollywood viver no "modo repetição": saturação de franquias ameaça a inovação no cinema e streaming

 



Onda de reboots, remakes e continuações expõe dilema da indústria: apostar no seguro ou abrir espaço para histórias originais

As gravações da 3ª temporada de Percy Jackson já começaram. A atriz de Jogos Vorazes revelou ter relido o livro três vezes antes das filmagens. E os anúncios não param: Quarteto FantásticoTwistersDuna… Para o especialista em cultura pop e mercado geek Roberto T. G. Rodrigues, a mensagem é clara: Hollywood está cada vez mais presa ao que já funcionou, evitando arriscar em novas ideias.

“Produtores preferem reciclar histórias que já deram certo a apostar no desconhecido. É mais rápido, mais barato e praticamente à prova de fracasso — até que a saturação chegue”, analisa Rodrigues.

Ele explica que a lógica por trás dessa escolha é a mesma de um investidor conservador: “Se você tem um recurso para aplicar, prefere arriscar em algo incerto que pode render muito ou investir em um projeto seguro que garante retorno menor, mas previsível?”

Essa prática, segundo o especialista, não se limita às bilheterias. É sustentada por um ecossistema inteiro de produtos licenciados, colecionáveis, brinquedos e campanhas publicitárias. “Todos nós já caímos nessa armadilha: compramos o ingresso, a camiseta e o boneco de algo que já conhecemos, porque isso nos conforta”, comenta.

O problema, alerta Rodrigues, é que essa busca incessante pelo previsível sufoca as apostas originais. “Quando todo o espaço é ocupado pelo seguro, não sobra luz para novas ideias florescerem. Os grandes clássicos nasceram como riscos: Star Wars era uma aposta improvável nos anos 70, Stranger Things não tinha garantia nenhuma de sucesso na Netflix. Hoje, talvez nem saíssem do papel.”

Para Rodrigues, o futuro do cinema e do streaming depende da disposição do público em apoiar o novo. “Se quisermos histórias realmente inovadoras, precisamos valorizar a ousadia mais do que a segurança. Precisamos apoiar quem cria algo que nunca vimos antes. Porque cada vez que escolhemos o previsível, ajudamos a enterrar o próximo grande clássico antes mesmo de ele nascer. E talvez, só talvez, o próximo filme que vai mudar a sua vida esteja preso no caderno de alguém agora… esperando que você escolha acreditar no novo”, conclui.

Sobre Roberto T. G. Rodrigues:
Roberto é escritor, mestre de RPG e criador do universo de A Era de Ouro da Magia. Nascido no Rio de Janeiro e criado no Rio Grande do Sul, mescla vivências lúdicas e literárias em tramas que falam de humanidade, escolhas e conflitos morais. É autor de Golandar, o Paladino, de Emma, a Curandeira e de Fenda Esquecida.

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